Olhando para economia brasileira nos perguntamos todos os dias: será que já chegamos ao fundo do poço? Paramos de cair? E quando vamos inverter esta tendência de queda?
Para responder em parte estas perguntas é preciso considerar alguns conceitos utilizados pelos economistas.
O primeiro deles é que há duas formas de ver um copo preenchido em parte por água (ou um problema): afirmar que o copo já está meio cheio (de forma otimista) ou ver que ele está meio vazio (visão pessimista).
Outro conceito que os economistas usam com frequência é o das expectativas. Para onde esperamos (de forma antecipada) que uma determinada variável deve seguir?
A aplicação deste último conceito (expectativa) pode nos ajudar a entender o atual momento da economia brasileira. Todos sabemos que com a pandemia do COVID-19 os índices esperados para o PIB estão projetados próximos a 7% de queda no ano.
Setor Industrial
Em termos de expectativas podemos tomar como referência o ICEI – Índice de Confiança do Empresário Industrial – medido mensalmente pela CNI (Confederação Nacional da Industria).
O Índice de Confiança do Empresário Industrial mede a expectativa em relação à economia brasileira, aos próprios negócios e às condições atuais. Valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário e quanto mais acima de 50 pontos, maior e mais disseminada é a confiança.
O ICEI saltou de 41,2 pontos em junho para 47,6 pontos em julho, um aumento de 6,4 pontos (vide gráfico). Esta é a terceira alta seguida após a forte queda de abril. Portanto, mesmo ainda mostrando um cenário pessimista a tendência é recuperação para os próximos meses.
Mercado de Capitais
A expectativa dos investidores no mercado de capitais, especialmente na Bolsa de Valores, é um bom termômetro sobre se a tendência pode ser de melhora no curto prazo.
O Ibovespa fechou a semana de 06 a 10/jul em alta de 3,38% em 100.031 pontos, voltando a marca dos 100 mil pontos depois de mais de 4 meses.
No Brasil, no âmbito econômico, os destaques desta última semana foram os dados do comércio varejista, que surpreenderam as expectativas ao registrarem expansão de 13,9% entre abril e maio desse ano.
IPEA – Demanda Interna por Bens Industriais
Segundo estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em sua Carta de Conjuntura, a demanda interna por bens industriais avançou 3% no mês de maio/20.
O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais - composto pela parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno acrescida das importações – registrou uma alta de 3% na comparação entre maio e abril, na série com ajuste sazonal. Entre os componentes do consumo aparente, ainda na comparação dessazonalizada, enquanto a produção interna destinada ao mercado nacional aumentou 1,9% em maio, as importações de bens industriais cresceram 10,5%.
O que isso quer dizer? Aparentemente, o empresariado industrial pode estar se preparando (e já investindo?) para uma possível retomada logo adiante.
Façam suas apostas!
Não dá para afirmar que já chegamos ao fundo do poço ou que não haverá mais quedas. Muito menos que já voltamos a crescer. O que estes indicadores registram é que o mercado aparentemente já assimilou o golpe e vem buscando se planejar para os próximos meses.
Certamente, um dos caminhos para esta retomada será via o e-commerce, como mostram o levantamento feito pela ABCOMM (Associação Brasileira de E-Commerce) e a Konduto que fizeram um estudo sobre as vendas online no Brasil desde o inicio da pandemia do Coronavirus. Para este estudo foram considerados apenas vendas on-line de produtos físicos (não foram incluídos dados de serviços, como viagens e turismo ou aplicativos de entregas, por exemplo).
Quando foram comparados os números de pedidos do período pré-pandemia com a semana de 07 a 20/jun de 16 categorias de produtos, como artigos esportivos, brinquedos, moda e supermercados, por exemplo, notamos que algumas destas categorias tiverem neste último período uma variação positiva de mais de 100% e, no caso dos supermercados, as vendas on-line superaram os 450%.
Portanto, não está claro se já podemos ficar otimistas (achando que o copo está meio cheio), mas certamente, não podemos ficar parados e devemos acelerar o planejamento das nossas empresas, buscando até mesmo linhas de crédito, pois o mercado é dinâmico e já começou a se movimentar para superar esta crise.
Bons negócios!..